.
Muitas são as leis brasileiras que tipificam penalmente as várias formas de corrupção.
Os 'tipos penais' são aqueles que serão analisados pelos Tribunais em seus julgamentos e, geralmente, são também os que costumeiramente são divulgados pela mídia, para demonstrar à população, a ilicitude e a gravidade das condutas.
Contudo, talvez ninguém pense, queira dizer ou deseje debater, quais são os motivos sociológicos que levam à corrupção.
São três os fatores de ambição humana, que levam à sua ocorrência. A ambição pelo dinheiro, pelo poder ou ainda, pela (nunca mencionada) "amizade", tão valorizada em nosso sempre carinhoso e tolerante Brasil.
Pela amizade, se dá o favor, a gratidão, o respeito e muitas vezes, a satisfação de uma vaidade.
A indicação, a promoção, a reserva de mercado e o "contrato caprichado" são exemplos de condutas costumeiras no Brasil, "típicas" da gratidão, sempre para os amigos, desde que com o dinheiro dos outros e, de preferência, o público.
Num país do "aperto", em que todos imaginam que também podem fazer jus a algum "acerto", é natural que haja a tolerância do povo com tais benesses, ainda que ilegais.
Há que se explicar, contudo, à sociedade brasileira, que a tão prezada "amizade" não é um conceito absoluto. Ao contrário, é subjetivo e particular, necessitando ter limites, como os da ética, da moralidade e da legalidade.
Lembre-se o povo que, em nome da inocente amizade, também se reúnem bandidos e ditadores, para a consecução de seus mais puros ideais. Figuras estas que não podem ser admitidas por ninguém, em nenhuma hipótese, em seus lares e, muito menos, na direção de sua nação.
Caso o povo brasileiro consiga delimitar o conceito de amizade, é certo que diminuirá a corrupção e a tolerância a tal chaga social.
E o "jeitinho brasileiro" poderá ser interpretado, finalmente, como um "talento" que é e, não mais, como um "vício" que se tornou.